Dr. Luiz Pellegrino

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Pé Torto Congênito

O Pé torto congênito é uma deformidade em que os pés do bebê está virado para dentro, frequentemente de forma tão severa que a planta do pé  olha para cima. Aproximadamente 1 em cada 1000 crianças nascidas vivas têm pé torto congênito, sendo assim, a deformidade congênita mais frequente nos pés.

O Pé torto não é doloroso durante a infância. No entanto, se a criança não for tratada, o pé ficará deformado, e a criança não conseguirá andar normalmente. Com o tratamento adequado, a maioria das crianças são capazes de realizar praticamente todas as atividades físicas com pouca ou nenhuma dificuldade.

A maioria dos casos são tratados com sucesso por métodos não cirúrgicos através da combinação de alongamento, gesso, e órteses. O tratamento deve iniciar-se já logo após o nascimento.

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Descrição

No Pé torto congênito, os tendões que conectam os músculos da perna aos ossos dos pés são curtos e tensos , levando o pé a virar para dentro.

Embora o diagnostico seja feito ao nascimento, muitos casos são detectados já no período pré-natal pelo ultrassom. Em metade das crianças, ambos os pés estão afetados. Meninos têm 2 x mais chance do que as meninas.

Aparência

O Pé torto congênito pode variar de leve a grave, mas tipicamente têm a mesma aparência geral. O pé está virado para dentro e frequentemente há uma prega na planta do pé.

Classificação

O Pé torto é classificado e 2 grandes grupos:

Pé torto idiopático que é o mais comum e ocorre em crianças que não têm outros problemas médicos.

Pé torto secundário ou não isolado, que ocorre em combinação com vários outros problemas de saúde ou doenças neuromusculares, como na artrogripose, mielomeningocele, Se o pé torto do seu filho está associado a uma doença neuromuscular, ele pode ser mais resistente ao tratamento, requerer um tempo mais prolongado  ou mesmo cirurgias corretivas.

Independente do tipo ou gravidade, o pé torto não vai melhorar sem tratamento. A criança sem tratamento vai andar pisando na lateral do pé em vez de pisar com a planta do pé, desenvolver calosidades dolorosas, poderá ter dificuldades para calçar sapatos além de limitações para algumas atividades físicas.

Pais de crianças que nascem com pés tortos, sem outros problemas médicos associados devem ter certeza que com o tratamento adequado seu filho terá pés que permitam uma vida ativa e normal.

Causa

A causa do pé torto congênito ainda não é conhecida.  A teoria mais largamente aceita  é que o pé torto é causado por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. O que se sabe é que existe um risco aumentado em famílias que já tenham história de pé torto.

Tratamento

O objetivo do tratamento é obter um pé funcional, não doloroso, que permita ficar em pé e andar com apoio da planta do pé no solo.

Tratamento não cirúrgico ou conservador

O tratamento inicial do pé torto é conservador independente da gravidade da deformidade.

Método Ponseti.

A técnica mais largamente utilizada em todo o mundo é o método Ponseti que usa alongamentos suaves e gessos corretivos graduais para corrigir a deformidade.

O tratamento deve começar logo após o nascimento, mas bebês mais velhos também têm sido tratados com sucesso com esse método.

Como funciona :

 

Manipulação e gesso

O pé do bebê é suavemente alongado e manipulado para a posição corrigido e mantido no lugar com um gesso longo da coxa até o pé. Esse processo de reposicionamento é realizado e novo gesso é colocado corrigindo progressivamente a deformidade. Na maioria dos casos isso leva aproximadamente 6 a 8 semanas.

Tenotomia de Aquiles

Após o período de manipulações e gesso, a maioria dos bebês requer um pequeno procedimento de liberação do Tendão de Aquiles que está muito encurtado. Para esse rápido procedimento, o médico utiliza um bisturi delicado para cortar o tendão. O corte é muito pequeno e não necessita sutura (pontos). Novo gesso é colocado para proteger a cicatrização do tendão, por 2 a 3 semanas. Após a retirada do gesso, o tendão já cicatrizou no comprimento adequado para manter o pé em posição corrigida.

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  • Órteses

 

Mesmo após a correção com gessos, os pés têm uma tendência natural à recorrência (volta da deformidade). Para garantir a permanência da correção o bebê precisa usar uma órtese por um período de até 3 anos. A órtese mantém o pé na angulação adequada. Isso pode ser difícil para os pais e familiares mas é essencial para prevenir as recorrências.

Nos primeiros 3 meses o bebê vai usar  a órtese em período integral (23 horas por dia). O médico reduz gradualmente para apenas à noite e durante o sono do dia (12 a 14 horas por dia). A maioria das crianças deverá usar a órtese por 3 anos.

Considerações sobre o método de Ponseti

 

O método Ponseti já provou ser extremamente efetivo para muitas crianças. Entretanto, requer que família esteja altamente comprometida com o tratamento, principalmente com a utilização da órtese. Se a órtese não for utilizada como prescrita, o pé tem grande chance de perder a correção.

Uma pequena percentagem das crianças desenvolvem recidiva da deformidade apesar do uso adequado da órtese. Se o pé tende a escorregar para fora da órtese, isso pode ser sinal de uma recorrência da deformidade e deve ser retomada a troca de gesso e eventualmente uma cirurgia para correção.

A aplicação do Método de Ponseti requer treinamento , experiência e prática. Você deve certificar-se com o pediatra que encaminhe seu filho(a) a um Ortopedista pediátrico com experiência no tratamento do Pé torto congênito.

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Tratamento Cirúrgico

Embora a maioria dos casos de Pé torto sejam corrigidos com sucesso pelo método conservador, algumas vezes a deformidade não pode ser totalmente corrigida ou ela recorre, frequentemente devido às dificuldades dos pais em seguir o tratamento corretamente. Algumas crianças têm deformidades muito graves que não respondem ao tratamento conservador e necessitam de cirurgia para a correção completa.

Se o pé foi parcialmente corrigido com o tratamento conservador, a cirurgia necessária será menos extensa.

Em muitos casos isso compreende a liberação do Tendão de Aquiles ou a transferência de um tendão para equilibrar o pé e completar a correção.

Já a cirurgia reconstrutiva do pé torto não corrigido ou não tratado inicialmente envolve liberação múltipla de tendões e articulações do pé que são geralmente fixadas com pinos metálicos e mantidos por um tempo mais prolongado no gesso. Após 6 semanas os pinos são removidos e um gesso mais curto tipo bota deve ser mantido por mais 6 semanas. Após a correção cirúrgica, a maioria das crianças necessitam usar órtese por um período prolongado até completa estabilização da correção.

Nos casos unilaterais, o pé afetado tende a ser 1  número menor e um pouco menos móvel do que o pé normal. Os músculos da panturrilha podem ser um pouco mais finos, mas geralmente isso não interfere nem causa problema funcional.